Desculpem a ausência de posts. Não há grandes novidades, tenho andado ocupada com os estudos, tenho frequência de anatomia terça-feira e graças a Deus que tenho conseguido estudar. Acabei hoje tudo, amanhã e depois são para fazer revisões.
Tenho ficado muito contente com os comentários de apoio e mails que tenho recebido, um grande bem-haja a todos!
Quanto à alimentação controlo-me mais ao almoço e ao jantar do que ao pequeno-almoço ou ao lanche. O pior para mim é mesmo o lanche porque passo muitas tardes em casa sozinha e como para mim é muito difícil pôr-me a estudar recorro à comida para fugir aos estudos. O meu problema reside nos estudos. É uma aversão que não dá para explicar. No ano passado comecei a faltar às aulas e às frequências e acabei por chumbar... Eu chumbei!! Era impensável para mim isso alguma vez acontecer. Sou um exemplo de perfeccionismo clínico. Quero fazer tudo na perfeição e não aceito o meio termo e a anorexia é uma consequência, tal como ter chumbado. Como não consigo tirar notas de topo já não consigo fazer nada. Consigo-me explicar? Não sei se é fácil para as pessoas perceber isto… Não aceito estudar para ter positiva tem de ser superior a 15, por exemplo. Mas como também não consigo tirar superior a 15 já não consigo fazer nada. No ano passado para “fugir” a uma frequência fui para o hospital com uma intoxicação com medicamentos e fiquei 3 dias em SO nas urgências. Chega a véspera e “fugo”! Fico com níveis de ansiedade tão grandes que chega a altura e não faço nada e nas consultas tenho aprendido a aceitar uma nota humilde e aprender a estudar sem exigir muito. Quem está doente também percebe como é difícil estudar com esta doença, põe-nos a cabeça num oito, quanto mais ainda querer fazer tudo num nível de excelência.
O meu objectivo, neste momento, é fazer as disciplinas que não fiz no ano passado e pedir mudança de curso. Espero que o resto venha por acréscimo.
Os meus pais andam… sei lá como… Saturados! O meu pai diz que só lhe dou preocupações, que a maior infelicidade é só ter uma filha e não poder confiar nela e que “ai de mim” que arranje uma doença mais tarde por causa do que ando a fazer. Diz que nem me vai ver ao hospital. Não me preocupa minimamente poder ser internada ou não receber visitas (até porque já estive internada 6 vezes por outros problemas de saúde), o que me dói mesmo é saber o que o meu pai está a passar. É muito difícil para mim aguentar isto e também ver os meus pais desta maneira! Mas não consigo mudar!! Não neste momento… Preciso de ter o meu futuro assegurado, preciso de mudar de curso. Não consigo as duas coisas ao mesmo tempo e a minha prioridade é, sem dúvida, conseguir, pelo menos, entrar! Nem estou a querer mudar só depois de terminar o curso!
Não sei o que dizer, isto é realmente muito difícil.
A única coisa que consegui foi passar a noite nas urgências. É claro que não disse que estava com uma intoxicação. Todos ficaram a pensar que foi por não ter comido. Foi melhor assim... Se os meus pais estão muito piores comigo por saberem isso, imagino se soubessem que tinha feito o mesmo pela terceira vez.
Andam insuportáveis, só sabem mandar-me comer e ameaçam-me se for vomitar. Nem eles conseguem estar ao pé de mim, nem eu deles. Mas não os censuro, eu compreendo o lado deles. Aqui o problema sou eu.