Um testemunho de como é possível destruir esta terrível doença e ser FELIZ!

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Segunda-feira, 30 de Julho de 2007

O prazer do Amargo

Percorro a escuridão do dia.
Procuro prazer na dor.
Pretendo aquilo que não quero.
Prometo afastar-me,
Proíbo-me de o fazer.
Pondero e castigo-me.
Publicado por Aninhas às 19:38
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Anorexia Nervosa

I make you happy
I draw the smile in your face in front the mirror
I am your confidence
I am your appearance
I am your beauty...
Just for the price of your silence pain
I am your slow death
I am your ruin
I am... your Anorexia Nervosa
Sinto-me: dominada, vencida
Publicado por Aninhas às 19:35
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Domingo, 29 de Julho de 2007

Os meus pais não me merecem

Estou a ser tão injusta para eles... Ensinaram-me a ser honesta, bem educada, trabalhadora, deram-me amor e passaram sacrifícios por mim e o que é que lhes dou em troca? Sofrimento, desgosto, gritaria, desconfiança, mentira, má disposição e preocupação constantes. Como é que eles vão reagir quando depois de amanhã ouvirem o médico dizer “A vossa filha não está disposta a colaborar, portanto não podemos ajudar”.
Como se sentiram os pais que recebem a notícia que o seu filho se suicidou? Será o mesmo se fosse assassinado? Será que os filhos que o fazem são egoístas ou apenas decidiram o que era melhor para eles? Mas será que eles merecem? E eu, mereço viver assim? O ideal era eu desaparecer e os meus pais viverem em paz sem mais injustiça.
Sinto-me: Revoltada
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Derrotada

Neste momento não há nada de bom que faça. Os meus pais gastam 40 euros por semana para ir a Coimbra ao médico e eu não me quero curar, jumbei o ano, não estou no curso que quero, não consigo estudar, pegar nos livros, nem ir ás aulas, portanto não vou conseguir acabar o 1º ano, nem enfrentar os meus colegas que passaram todos. Afastei os meus amigos de longa data que conheço desde o 5º ano (os meus grandes Amigos), deixei de sair à noite e estar com pessoal. Não tenho vontade de sair de casa, engordei e não consigo emagrecer, recuso os convites para sair. Os meus pais andam saturados e ficam doentes de me ver assim.

Eu sei qual é a solução. 

Vejam como eu sou: há 2 semanas que deixei de ir ao médico. Disse que não me queria curar que o meu objectivo é emagrecer e que não valia a pena estar a perder tempo comigo. O psiquiatra foi muito explícito disse que não era nenhum salvador e que ás vezes há pessoas que têm de bater bem no fundo e que só ajudava quem estivesse disposto a ser ajudado. Mas eu não vacilei. Aconteceu mais ou menos o mesmo com a psicóloga que me acompanhava todas as semanas, mas esta foi mais compreensível e menos dura. Assegurou-me que estava ali quando precisasse e despedi-me. Eu não fui capaz de dizer aos meus pais que tinha deixado de ir à médica e continuei a ir a Coimbra para não desconfiarem até que descobriram há 2 dias. A verdade é que eu não fui capaz de dizer aos meus pais, porque não merecem, aliás é um desrespeito para qualquer pai que lutou tanto a vida toda para ouvir de um filho dizer “não quero viver, desisto”. Um pai que faz noites, não tem férias, renuncia de muitos prazer para dar o melhor para a família e uma mãe que todos os dias faz sopa, a melhor comida, tratou de mim sempre que estive doente e no final o que recebem? “Muito obrigada mas para mim chega. Continuem vocês com a vossa vida”.
Estou num dilema...
Mas afinal a vida não é nossa? Não podemos fazer o que quisermos? Costuma-se dizer que a nossa liberdade acaba quando começa a do outro, mas neste caso não interferia.
Sinto-me: desamparada

O meu dia a dia

Agora nas férias pus-me a pensar quantas vezes vomitava por dia e quantos litros de água bebia. Dei-me conta que vomitei nesse dia mais de 14 vezes e bebi mais de 6,5L de água. Os meus dias resumem-se a isto quando estou sozinha em casa: como e vomito, como e vomito. Só penso em comia. Se decido não tomar o pequeno almoço, ou não jantar chega uma hora em que como tudo o que houver e o meu mal é que compro comida que me alicia em vez de comer outras coisas. Mas eu quero tanto emagrecer! Todos os dias me peso mas continuo igual.
Fiz uma experiência durante as duas últimas semanas e passei a comer menos e, consequentemente, vomitei menos e na segunda semana começo a tomar comprimidos para emagrecer e não é que não emagreci!! Fartei-me e agora comecei a comer outra vez imenso. Eu faço um esforço enorme para me controlar mas é tão difícil. Para mim, quase todo o comer é proibido e se como alguma coisa não autorizadamente tenho de ir deitar fora. A seguir fico com fome e tenho de ir comer. É um ciclo vicioso.

Sinto-me: Farta desta vida
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Publicado por Aninhas às 23:41
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Porque escrevo?

Decidi começar a escrever porque é uma maneira de ocupar o tempo, aperfeiçoar a escrita e não passar o dia na cozinha e na casa de banho. Porquê num blog? Porque há sempre alguém que, por uma razão ou outra, dá uma olhadela e se pode interessar pelo tema. Desta forma, posso ser compreendida. E, claro, é sempre mais fácil falar com desconhecidos e não ter que me identificar.

Nunca fui dada a estas coisas mas pode ser que dê algum resultado. Espero receber muitas opiniões, comentários, críticas... Escrevo com esse fim, por isso façam as vossos comentários e se por acaso lerem alguma coisa digam! É o suficiente para sentir que não estou a falar para o boneco.

 


Um grande bem-haja para quem tiver a bondade de ocupar um tempinho para ler as minhas coisinhas.  


(vai ser durante pouco tempo)

Música: Music from the OC

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Tive uma anorexia nervosa com crises bulímicas tratada e cuidada no HUC, onde ainda estou a ser acompanhada. Consegui atingir todos os meus objectivos, sou feliz e deixo aqui o meu testemunho em como é POSSÍVEL acabar com todo o sofrimento e dor que esta doença me trouxe.

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