Neste momento não há nada de bom que faça. Os meus pais gastam 40 euros por semana para ir a Coimbra ao médico e eu não me quero curar, jumbei o ano, não estou no curso que quero, não consigo estudar, pegar nos livros, nem ir ás aulas, portanto não vou conseguir acabar o 1º ano, nem enfrentar os meus colegas que passaram todos. Afastei os meus amigos de longa data que conheço desde o 5º ano (os meus grandes Amigos), deixei de sair à noite e estar com pessoal. Não tenho vontade de sair de casa, engordei e não consigo emagrecer, recuso os convites para sair. Os meus pais andam saturados e ficam doentes de me ver assim.
Eu sei qual é a solução.
Vejam como eu sou: há 2 semanas que deixei de ir ao médico. Disse que não me queria curar que o meu objectivo é emagrecer e que não valia a pena estar a perder tempo comigo. O psiquiatra foi muito explícito disse que não era nenhum salvador e que ás vezes há pessoas que têm de bater bem no fundo e que só ajudava quem estivesse disposto a ser ajudado. Mas eu não vacilei. Aconteceu mais ou menos o mesmo com a psicóloga que me acompanhava todas as semanas, mas esta foi mais compreensível e menos dura. Assegurou-me que estava ali quando precisasse e despedi-me. Eu não fui capaz de dizer aos meus pais que tinha deixado de ir à médica e continuei a ir a Coimbra para não desconfiarem até que descobriram há 2 dias. A verdade é que eu não fui capaz de dizer aos meus pais, porque não merecem, aliás é um desrespeito para qualquer pai que lutou tanto a vida toda para ouvir de um filho dizer “não quero viver, desisto”. Um pai que faz noites, não tem férias, renuncia de muitos prazer para dar o melhor para a família e uma mãe que todos os dias faz sopa, a melhor comida, tratou de mim sempre que estive doente e no final o que recebem? “Muito obrigada mas para mim chega. Continuem vocês com a vossa vida”.
Estou num dilema...
Mas afinal a vida não é nossa? Não podemos fazer o que quisermos? Costuma-se dizer que a nossa liberdade acaba quando começa a do outro, mas neste caso não interferia.