Um testemunho de como é possível destruir esta terrível doença e ser FELIZ!

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Quarta-feira, 25 de Junho de 2008

Aprovada

Desculpem ontem não ter dito nada. Ontem fiquei o tempo todo a sentir-me mal por isso mas não tive tempo. Hoje fui a Coimbra por isso só estou a escrever agora. Obrigada ! Sinto-me tão acarinhada por vocês, nem sei como agradecer. Fazem-me sentir especial =) Fui logo chamar a minha mãe para ler e ela disse “Até quem não te conhece nem nunca esteve contigo vê como tu és uma menina querida e boa pessoa” Só há um pequeno pormenor. Embora nunca tenho estado fisicamente com nenhuma de vocês fazem parte do meu coração e conhecem-me melhor que muita gente!

 

Não cheguei a ler as vossas mensagens previamente mas senti! Juro que sim! Quando começava a desanimar lembrava-me de vocês e do que diriam se ali estivessem e isso dava-me força para acreditar e continuar. Sabia que estavam a torcer por mim e isso faz-me sentir tão contente

 

Só a minha mãe é que sabia porque pensava que tinha dito o dia exacto ao meu pai, mas diz que foi melhor não saber para não ficar a pensar no assunto. A primeira pessoa a quem mandei mensagem foi à minha mãe. Ela disse “Vês querida! Eu sabia que conseguias!”, depois mando ao meu pai e ele liga-me logo todo animado a dar-me os parabéns. Ele achava que precisava de mais tempo para me preparar mas desde o início que disse se chumbasse não tinha importância. Sou uma filha muito afortunada  Os meus amigos que os conhecem dizem que tenho muita sorte mas que não sei dar valor. Eles não sabem é o quanto sofria por vê-lo sofrer tanto comigo era das coisas que me deixava mais em baixo. Perguntava-me muitas vezes, já que não fosse por mim, porque é que não conseguia mudar por eles.

 

Queria dar-me ao prazer de sentir orgulhosa. Se calhar nem tanto, mas mais contente! Sinto que ter passado é uma obrigação e não um motivo de satisfação. Quando acabei de responder a todas faltavam 19 minutos para terminar o tempo. Comecei a rever e a pôr em causa tudo o que sabia e a querer alterar as respostas. Quanto mais se aproximava o fim mais em pânico ficava e ainda alterei uma pergunta. É claro que não devia ter alterado porque tinha bem! Portanto, soube logo que já tinha errado uma. Ficámos imenso tempo à espera de saber e entrei literalmente em pânico, já só podia errar mais duas. Comecei a insultar-me, tinha noção do que estava a fazer mas não fui capaz de evitar, estava demasiado desiludida comigo, e a tremer, nem consegui controlar as lágrimas estava tão nervosa. Felizmente que correu bem mas não me consigo dar os parabéns.

 

Quanto à alimentação está boa, mas continuo muito inchada o que me “impede” de comer. Não sei se tem a ver com a retenção de líquidos. E se for mesmo a minha barriga? A médica diz para descentrar a minha atenção e virá-la para as coisas do dia-a-dia.

Mas em relação ao controlo também não consigo sentir-me plenamente satisfeita com esta vitória, porque sei que o facto de ter passado a semana sempre fora de casa ajudou para que conseguisse.

 

Tenho de deixar de ser tão rígida comigo.

Quarta-feira, 4 de Junho de 2008

Conclusão da consulta

Esta consulta soube que nem ginja! Fez 2 meses que lá não ia. Nunca fiquei tanto tempo sem lá ir desde que estou decidida a andar para a frente.

Ver se consigo transmitir o que me foi dito. Acho muito importante.
 
A minha médica deu-me este exemplo:
Um miúdo foi velar com o pai pela primeira vez e ficou muito assustado porque o barco parecia que ia virar. Ele chorava muito e o pai disse-lhe:
 
- Olha lá, mas tu és parvo? Tu não vês que é mesmo assim? Não sejas mariquinhas e comporta-te!
 
O que é que vai acontecer a esta criança?
Sempre que voltar a sentir este medo vai recusá-lo e mostrar-se inseguro e punir-se pelos seus sentimentos. Vai crescer com insegurança, intolerância e vergonha. Não vai aprender a ter compaixão com ele mesmo porque aprendeu que está errado ter medo.
 
O que devia ter acontecido:
O pai devia baixar-se olhá-lo nos olhos e dizer-lhe:
 
-Não precisas de ter medo, o barco não vai virar, é mesmo assim.
 
Deste modo, a criança não ia sentir vergonha dele próprio e iria receber atenção e compreensão da parte do pai e tornar-se uma pessoa segura.
 
Conclusão da conversa:
Se não tivemos uns pais, ou por alguma razão não conseguimos desenvolver a parte do nosso cérebro que nos permite ser confiantes e capazes de enfrentar os obstáculos temos de aprender isso agora.
 
De que maneira? 
 Temos de ser para nós como seriamos para um filho nosso.
  • Compreensivos;
  • Calorosos (aprendermos a ter compaixão connosco);
  • Firmes;
  • Espertos (pensarmos primeiro em toda a situação e perceber porque errámos);
  • Transmitir segurança;
  • Saber ouvir.

Isto permite despertar o stress positivo necessário para nos deixar em alerta e enfrentar os problemas sem medo e com segurança nas nossas capacidades.

Se conseguir fazer isto vai ser meio caminho para me aceitar e começar a dar valor aos pequenos grandes passos que tenho conseguido. É essencial. =)

 

A médica deu-me exemplos de pais de doentes que não deviam sequer ter direito a tal nome e depois vêm os filhos parar àquelas consultas! São pessoas tão inteligentes, com tantos princípios, totalmente dedicadas aos outros e ainda são tratadas como maluquinhas ou coitadinhas por andarem num psiquiatra e psicólogo. Doidos são os pais, muitos deles têm problemas muito mais graves do que os filhos.
Falou-me de pais que puseram os filhos fora de casa, que lhes batem é incrível! Numa altura em que os filhos precisam tanto dos pais é quando lhes dão com os pés. A médica também disse que não vale a pena estar com pessoas que só nos fazem mal e não nos querem. É triste mas é mesmo assim. Muitos deles são os culpados dos filhos estarem doentes e só sabem pioram o estado deles. Mas graças a Deus que nem todos são assim como é o meu caso. Sempre me apoiaram e adoram-me, são tudo na minha vida. Sei a sorte que tenho e dou muito valor a isso! Sempre pude contar com eles, mesmo depois de tudo o que lhes fiz. Sinto-me uma preveligiada. Pena não ser assim com toda a gente.
Segunda-feira, 25 de Fevereiro de 2008

Mais um passo

Tenho novidades. Veio-me o período. Não me deixou muito contente, ainda vi como uma derrota. Mas tenho pensado como se tivesse saltado mais um muro em rumo da Vida! É assim que quero pensar e vou continuar! Só queria que sentissem o abraço que o meu pai me deu quando lhe disse! A alegria com que ficou... Só quero poder continuar a dar-lhes todas as alegrias que um Pai e uma Mãe merecem receber. Sei que vai ficar tão contente como quando mudar de curso e arranjar um namorado. Sinto-me cheia de força!

 

Ainda não sou capaz de engordar, continuo a achar-me gorda mas vou continuar a lutar contra isso! Quero ter aquela paz emocional.

 

No outro dia fui-me pesar com uma amiga minha. Ela é extremamente magra, mas é daquelas pessoas que quer engordar e tem complexos em ser assim. Ela diz que eu sou mais magra que ela e eu digo o contrário (mas dando-lhe a entender que não quero ser a mais magra). Passámos o ano todo assim até que fomo-nos pesar e afinal peso menos. Fiquei pasmada. Como é possível não ver isso? Perguntávamos a várias pessoas quem era mais magra e toda a gente dizia que era eu... Como é que eu não vejo isso? Eu tinha inveja dela e afinal...

Quero perder esta obsessão e ter uma percepção correcta do meu corpo.

 

Outra coisa!

Uma amiga que tem também anorexia nervosa está curada! Fui aos anos dela no Sábado e contou-me que já saiu que já como de tudo! Fiquei tão contente! Ela continua tão magra que não queria acreditar, mas ela disse-me que nós não temos estrutura de uma pessoa gorda por isso nunca podemos ser gordas. Fiquei ainda mais contente.

Ela até fez o jantar de anos numa pizaria e comemos todos pizza!! eheh

(fui a única comer uma pequena mas foi positivo. Ainda bebi vinho e apanhei uma bezana

Sinto-me: com vontade de mudar o mundo
Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2007

A vida que eu levo

O que era de mim sem este cantinho... (Falando do último post) Precisava mesmo de desabafar e pôr cá para fora tudo o que sinto sem preconceitos e sem medos. Precisava também imenso de ouvir essas palavras de conforto. É muito duro aguentar isto sozinha, mas com TODO o vosso carinho consigo arranjar forças para continuar os estudos. Muito mas mesmo muito OBRIGADA!

Ontem fiz frequência e não sei como consegui que isto não me afectasse. Felizmente que correu bem, mas a luta continua. Continuo sem conseguir dormir, sinto-me inchada, ando borbulhenta, doem-me os olhos e a cabeça e muito me esforço para não chorar e sorrir quando vou às aulas. Aqueles meninos são incríveis, são muito queridos e fazem-me muito bem.

Estive a fazer contas e apercebi-me que apenas passo 8,5h por semana "com pessoas", sem contar com os meus pais, claro. Por isso era um disparate não fazer um esforço para "estar bem" junto delas. É triste esta "vida"...

Mais uma coisa, não quero que pensem que julgo os meus pais pelas atitudes deles. Só eu sei como os compreendo. Não me sinto  triste apenas por ser "atacada" por eles, mas por ver o quanto sofrem por minha causa e não ser capaz de mudar e dar-lhes uma vida normal. 

Tudo aquilo que conto aqui é aquilo que não posso contar a mais ninguém. Os meus pais são pessoas maravilhosas que me adoram e me querem ver boa, mas sentem-se impotentes e isso revolta-os.

Sinto-me: abatida
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Segunda-feira, 3 de Dezembro de 2007

Sofrida

Ontem fomos ver a minha tia a Lisboa e aproveitámos para fazer umas compras. Foi um dia profundamente triste.
O meu pai é tão injusto para mim… De manhã começou a gritar comigo, a chamar-me nomes com promessas que faz isto e aquilo, porque já havia pouco Bolo Rei e quando chegou a casa, pronto para sairmos, ainda estava na casa de banho (porque estive a tomar banho e ainda não estava pronta!) e puxei o autoclismo. O que ele interpreta como “estiveste a vomitar!”. Passei a viagem toda de olhos fechados a chorar. Dói tanto, tanto…! Sinto-me tão triste. Ao lanche disse para mim “Deixa passar esta fase de testes que vais ver o que vai acontecer.” Eu perguntei o que estava a pensar fazer e ele disse “Vais começar a entrar nos eixos! Não se admite que não comas um pouco de arroz, carne, nem massa…”. À vinda disse “Os teus pais estão a ficar doentes, nós não duramos para sempre e depois pode ser tarde de mais”, “Ai de ti que ‘arranjes’ uma doença por causa destas parvoíces!”
Eles não sonham o quanto sofro por isto! Não estou a falar do que passo diariamente por causa da doença, mas porque eles são frios comigo. 
Eles só pioram a situação tratando-me assim, estão-me sempre a deitar a baixo. Qualquer coisa que eu digo eles respondem que sou infantil e não sei o que digo. Estivemos a ver de uma botas de cano alto para mim, mas nenhumas me serviam porque me ficavam larguíssimas na perna e ele só dizia “Cresce!” e saía. Se não gostava das camisolas que ele me mostrava dizia que não tenho gosto. Está sempre a dizer mal do meu cabelo dizendo “pareces uma bruxa com este cabelo”, quer a toda a força que corte o cabelo e a minha mãe está sempre a repreender-me por ter as costas tortas. Ontem quando me ia deitar o meu pai era assim para mim “O que é isso que tens aí na cara?” E eu “é uma borbulha” e ele olha para mim a abanar a cabeça com cara de nojo, porque para ele uma borbulha assim é sinal de que ando a vomitar. E foi assim o meu dia.
 

Agora digam-me como é que eu consigo “largar” a doença se me sinto rebaixada e humilhada constantemente pelos meus pais, não tenho nenhuma vida social, não sei se este ano consigo mudar de curso e os meus dias são um inferno? Ando profundamente triste… Mesmo triste percebem? Só me apetece chorar é uma dor tão forte que sinto no peito. São tão injustos…

Sinto-me: triste, humilhada, rebaixada..

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Tive uma anorexia nervosa com crises bulímicas tratada e cuidada no HUC, onde ainda estou a ser acompanhada. Consegui atingir todos os meus objectivos, sou feliz e deixo aqui o meu testemunho em como é POSSÍVEL acabar com todo o sofrimento e dor que esta doença me trouxe.

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