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Acabou o descontrolo. Nunca mais me vou autorizar a tal coisa. Se engordar que seja, pelo menos vai através de uma alimentação saudável.
Eu sou capaz de viver sem esta doença. Vou enfrentá-la o tempo necessário até não restar nada. Vou ser dura e implacável. Sou eu que digo as regras. Dia 13 de Junho (sexta-feira 13) é já um marco na minha vida porque foi a último dia que me rendi e entreguei. Não tenho desculpas para voltar a fazer. Neste momento já consigo comer o suficiente para não ficar com fome. Já não vou para a cama com a barriga vazia por mais que me custe. O sono é um bem precioso e se já durmo mal por me sentir tão atormentada o que seria de mim se continuasse a passar as noites acordas por ser teimosa. Até agora serviu de desculpa o facto de ter passado fome nos últimos anos e ainda estar longe do peso ideal (tal como a médica disse são factores que nos levam a ter uma maior atracção pela comida). Mas cabe a mim controlar isso.
Cada dia que passar vai ser uma vitória e vou-me orgulhar por isso. Chega de dar ouvidos à doença e punir-me por não lhe obedecer.
Tenho noção que vai ser dos meus maiores desafios mas também sei que se isto não acabar não vou vencer e basta de adiar. Algum dia tinha de ser e está decidido.
Parabéns a mim por ter passado o fim de semana na quinta a ajudar os meus pais e não querer vir para casa.
Parabéns a mim por não me sentir revoltada ao ver a minha mãe regalada a comer um gelado. Uma das perguntas que fazia a mim própria era “porque é que ela pode e eu não?”. Fiquei muito satisfeita com o meu suminho de laranja natural fresquinho.
Parabéns a mim por ter saído já tarde de casa para estar com a minha querida C. Mais do que fazer um favor a mim própria acho que fiz a ela.
Parabéns a mim por ter voltado para a cama e não lhe ter dado ouvidos. Sinto que sou preguiçosa e fraca por me render ao prazer de estar enrolada nos lençóis.
Levo uma Margarida no coração.
Vou em paz!
A médica contou-me uma história bastante elucidativa do que devemos fazer connosco.
É isso que temos de aprender a fazer connosco.
Não quero agredir mais o meu corpo. Vou dar-lhe descanso quando mo pedir, não exigir que trabalhe demais. Quero aceitar que posso cair e aprender a ser mais compreensiva e carinhosa e dar muitos beijinhos na ferida para que sare. Não quero sentir que sou fraca por isso e que hei-de ser sempre uma mole se não for inflexível e implacável. Não é isto que quero para mim.
Quero ser para mim como sou para as outras pessoas. Quero sentir isso na pele.
Estou decidida! Hoje, quero ser considerada uma futura ex-anoréctica. Sim, porque o mundo não pára e eu quero aproveitar esta vida! Quero tirar o meu curso, estar com os meus Amigos e passar os melhores tempos com os meus queridos pais. E é só nisto que tenho de pensar.
Agora um à parte
Acabei o primeiro semestre com 16 a F. e tive também 16 na 1º das 5 frequências de A. (é uma cadeira anual). E quero, no próximo semestre, mostrar notas mais baixas com o mesmo orgulho com que mostro estas, porque é esse o objectivo. Aceitar notas humildes, não entrar em parafuso e continuar a ir às frequências e às aulas mesmo quando não estão a correr como eu quero.
Amanhã vou à médica endocronologista fazer análises e pedi-lhe conselhos acerca de uma alimentação saudável. É a primeira vez que o faço, espero vir a conseguir mudar muita coisa.
Agora que me encontro de "férias" (pausa para exames) a alimentação anda bastante descontrolada mas não é isso que me detém. A minha motivação e o meu empenho mantém-se. Sei que é só uma fase, logo que começar as aulas vai tudo entrar na normalidade e quando acabar o ano e estiver novamente de férias não vai voltar a acontecer o mesmo porque as coisas vão estar melhores. Acho que é essencial aceitarmos isto. Aceitar que isto demora tempo e que não é por termos uma compulsão agora que já não vamos conseguir. Mas uma coisa é certa. Não se queiram enganar, porque se não queremos ter compulsões não podemos continuar a fazer jejuns e comer 500 kcal/dia é impossível!
E quando decidirem "não vou comer mais nada hoje" pensem no que realmente querem e o que ganham e perdem se decidirem isso. Mas pensem MESMO, não queiram fugir ao desconforto que causa pensar nisso! Ou então escrevam numa coluna "Pros" e noutra "Contras" e escrevam , por mais que vos custe, e aí têm o resultado... A seguir vão conseguir comer alguma coisa com confiança, determinação e com a certeza que estão a tomar a decisão correcta.
Mas não se esqueçam! Isto não vai acontecer sempre. Até se podem descontrolar a seguir, mas vai haver um dia que o vão conseguir e ver como É ESTE O CAMINHO!
Força lindas! Muito força! E lembrem-se isto demora tempo e têm de aprender aceitar falhas.
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